Essa é uma página do livro: O robô além do bosque. Um livro escrito por Maicon Moura e serializado aqui no substack. As paginas são enviadas para pessoas que apoiam o projeto Mouranius. Caso queira ler clique no botão abaixo.
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Tirou de lá uma folha branca que aparentava ser um contrato. Tirou uma caneta do bolso e me entregou.
— Fique com isto senhor — Disse o sujeito B estendendo a folha e caneta para mim — Leia com atenção tudo e depois assine.
Olhei para a folha e realmente era um contrato. Bati o olho pelas palavras e falava alguma coisa sobre proteção contra o fim do mundo. Na caneta dizia “a tecnologia não salvará a todos, mas nós iremos”.
Bebi o resquício amargo de café que estava no fundo da caneca. Olhei bem para o papel e nas letras miúdas estava escrito que uma taxa de quase sete mil reais deveria ser paga para ajustes e serviços que possam ser necessários.
— Sete mil? — eu disse sem esboçar reação.
— É só uma pequena taxa para assegurá-lo que terá tudo o necessário no fim — Disse o sujeito B colocando a mão no meu joelho.
Olhei para a mão. Levantei o rosto em direção ao sorriso quadrado do sujeito e descruzei as pernas.
— E as pessoas pagam? — perguntei incrédulo
— Claro, as pessoas que sabem como a tecnologia está nos matando, pagam até o dobro. — Disse o sujeito B.
— O dobro — disse o sujeito A mostrando dois dedos.
— O dobro? — perguntei levantando uma sobrancelha.
— Tem vezes que até o triplo — comentou o sujeito A.
— Sim, o triplo — Concordou o Sujeito B, mostrando três dedos.
— O triplo? — perguntei.
Ficamos calados. O vento soprava pela janela e parecia estar dizendo alguma coisa, trazia consigo o cheiro da grama para dentro de casa. O cheiro de café já tinha ido embora quando os dois sujeitos levantaram e vi haverem deixado um monte de migalhas de pão cair sobre o sofá. Fecharam a pequena pasta e enfiaram em algum lugar que não consegui ver, pois ela apenas desapareceu.