Essa é uma página do livro: O robô além do bosque. Um livro escrito por Maicon Moura e serializado aqui no substack. As paginas são enviadas para pessoas que apoiam o projeto Mouranius. Caso queira ler clique no botão abaixo.
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Perguntei o motivo de ser proibido e se o sujeito não tinha irmãos ou algo do tipo, ela respondeu que ninguém sabe, tudo era um grande mistério.
O problema é que eu era bem cético e nada disso parecia ser verdade. As pessoas vivem criando essas histórias mágicas para ocupar alguma lacuna inexplicável.
Respondi à mensagem da minha esposa dizendo que não queria voltar para aquela área. Respondi que não era uma boa sair para jantar naquele dia e mandei emojis de risada para cada vídeo que ela havia enviado.
Bloqueei o celular. Piquei as batatas e as coloquei numa panela de pressão com água. O plano das batatas acabou virando um purê.
Enquanto a panela pegava pressão, recolhi as roupas que estavam no varal. O tempo estava fechando cada vez mais e parecia que iria chover. As nuvens escuras caminhavam rápido com a ventania. O céu branco não demorou muito para ficar num tom cinza e pesado.
Recolhi tudo, até mesmo as que estavam um pouco molhadas. Coloquei sobre o sofá e esqueci por lá.
Abri uma lata de água e bebi como se fosse uma cerveja gelada. Eu parara de beber desde o começo do ano. Posso dizer que já estava limpo fazia cinco meses.
Também parei de fumar. Larguei o cigarro quando pedi demissão. Não precisava fumar já que não estava estressado.
Meu celular tocou assim que a panela pegou pressão. Era um número desconhecido, então deixei que caísse na caixa-postal. A panela apitou quando meu telefone voltou a tocar.
O mesmo número me ligou várias vezes seguidas, até que atendi.
— Alô? — eu disse
— Isso foi uma pergunta? — disse a voz do outro lado. Uma voz rouca de um homem que provavelmente fumou a vida inteira.
— Foi?
— Quem está falando?
— Para quem você ligou? — perguntei
— Alberto Pereira — a voz respondeu
— Quem gostaria?
— Aqui é o Professor Alencar de literatura, lembra de mim?