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comecei a escrever o primeiro conto, sei lá, em junho. acho que foi por aí, ou julho. talvez tenha sido julho.
lembro que eu tinha abandonado tudo. a vontade de viver era mínima. tudo tinha dado errado e 2023 não estava sendo o “meu ano” como havia sido prometido nas metas de final de ano.
decidi escrever porque foi a única coisa que me fazia querer levantar - tirando os boletos, claro.
tudo andava meio sem sentido quando voltei a tentar contar histórias diferentes. escrever sobre coisas que eu não tinha escrito e de forma diferente.
ainda sentava pela manhã, umas quatro da madrugada, olhando para a tela do monitor e pensando se deveria escrever um livro de ficção científica. esse lance de ficar preso ao gênero ainda me travava demais.
demorei alguns dias para engatar nisso. nessa missão maluca de escrever um conto por dia por 60 dias. o que não deu certo. falhei diversos dias. os contos demoravam dois ou três dias para serem escritos. tinha dias que eu não queria nem sequer levantar da cama.
quando digo que a escrita pra mim é algo muito além de ficar escrevendo ou lançando livro, é por conta dessa sensação de tudo vai dar certo depois que eu levantar e escrever uma história.
não demorou muito para a vida meio que voltar a fazer sentido. os contos estavam me deixando bem animado, principalmente aqueles que eu achava estranhos. contos que nunca me imaginei contando.
foram apenas 30 dias, pelo que me lembro. 30 dias não corridos, e nem mesmo foram 30 contos, penso que deve ter dado uns 16. nesse meio do caminho, um conto ficou com mais de 50 páginas. outro conto acabou virando a nova versão do meu livro Robô além do bosque, que já deve ter quase 90 páginas.
foi um período que eu sentia o céu se abrindo. o sol iluminando minha janela. o vento soprando a cortina. por algum motivo, a escrita consegue me tirar de um vácuo esquisito da existência que carrega toda minha essência para um vazio sem fim.
enquanto escrevo, ficção ou textos como esse, com o fone em alguma música aleatória que o youtube pensou que eu poderia gostar - e ele tinha razão - nesses momentos sinto que tenho o controle de algo. o controle do que vai acontecer. cada tecla que aperto me liberta de algo que virá no futuro. está tudo predeterminado.
antes mesmo de eu finalizar uma palavra, meus dedos já deslizam em direção à letra seguinte.
escrevi todos esses novos contos com essa sensação. não foram histórias inventadas, era como se elas já estivessem ali, esperando eu deslizar os dedos pelo teclado e elas começarem a aparecer.
digo às vezes que esse é meu melhor livro. terão pessoas que não vão gostar de alguma história. mas estou satisfeito com o resultado. sinto que estou naquelas histórias. o que acredito ser a escrita está ali.
e convido você a vir comigo nesse sonho.
o youtube me recomendou essa música enquanto escrevia este texto.
“Tem hora que a gente sente na pele o terror do pesadelo e não tem despertar que faça parar a dor”
“Eu sei que quando a gente sofre, tudo parece bem particular e, dependendo da sua forma de ver, até meio ridículo, vergonhoso.”
antes de acabar quero deixar algo útil
o dólar está: R$4.97.
você não entende muita coisa, mas faz sentido. na sua caixa de e-mail às quintas, o famoso crepúsculo da semana. ideias aleatórias como um vampiro que brilha.
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Também tive essa sensação no ano passado, mas como não tenho dotes artísticos fiquei assim até ele acabar, agora é tentar dar um jeito desse ser um pouco melhor, e continuar acompanhando essa ótima news!
Olá, gostei de seu texto, ele fala algo que acontece sempre comigo.
No quanto é difícil tirar as palavras da cama, acordar elas e coloca-las no mundo é um martírio. Mas vamos tentando dar espaço para a tinta secar.