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Fico pensando em amadurecimento e me pergunto se amadurecer é também aceitar a morte de alguns sonhos.
Não é de hoje que sinto estar tentando viver uma adolescência que não tive, me segurando nos sonhos de infância, talvez com medo de perceber que sou o responsável pela minha vida.
Não sei bem dizer se tenho medo ou apenas estou tentando evitar o envelhecimento, mas me incomoda essa sensação de estar fugindo e me protegendo, numa ideia de que sou o mesmo garoto de anos atrás.
Talvez não só abandonar sonhos, mas aceitar que alguns não fazem mais tanto sentido possa ser um sinal desse negócio de estar amadurecendo.
Sinto que estou falhando com responsabilidades, não respeitando prazos, não arcando com as consequências de minhas ações. Crio desculpas em vez de dizer não.
Tomar decisões baseadas em coisas que eu queria ter feito na adolescência em vez de tomar decisões com base em quem sou hoje.
Não penso que envelhecer seja matar algo que torna você, um jeito ou personalidade. Não que eu queira mudar da água pro vinho, da noite pro dia.
Só tenho sentido essa sensação de que tudo e todos à minha volta estão crescendo de alguma maneira, crescendo no quesito envelhecer, tornando-se bons adultos. Alguns nem tão bons. Responsáveis que tomam decisões e estão dispostos a lutar por elas.
Por algum motivo, eu sinto que vivo com medo, preso numa espécie de síndrome de Peter Pan, querendo ser um garoto para sempre, evitando o peso das coisas, correndo para algo que uma versão dezesseis queria fazer, tentando me proteger do mundo adulto capitalista, correndo das responsabilidades.
Talvez seja hora de abandonar algumas coisas. O ano vai virar, e tem isso de querermos começar de novo.
Pode ser que esse pensamento tenha vindo no momento que era para vir. Não posso pensar nisso como um recomeço, mas como vários finais. Aceitar que agora é o momento de ter novos sonhos e novos objetivos. Aceitar que não sou a mesma pessoa. Os interesses não são mais os mesmos.
Como os sonhos ainda poderiam ser?
Hora de aceitar a derrota de algumas coisas e a vitória de outras. Entender que precisa existir um fim. E nesse fim começamos a transição para novas fases.
Sinto isso, de estar preso na mesma fase a muito tempo, decidindo coisas que não fazem sentido.
E quando decido, não demora mais de um mês para tudo voltar de novo, correndo nessa roda de hamster.
Não penso mais na ideia de saber quem eu sou, talvez seja o momento de querer saber quem eu não quero ser.
Realizei bastante coisas até aqui. Muitas delas já nem falam mais comigo, e muitas já deixaram de fazer sentido há cinco anos atrás.
Tenho medo de isso ser uma crise dos trinta anos. Mas sinto do fundo do meu coração que essa é a hora de sonhar novos sonhos.
estou lendo esse livro da irmã Corita Kent: Aprender de coração.
ela tem mesmo uma forma única de ensinar criatividade. Acho interessante como ela bate na tecla de que a criatividade pode ser usada em qualquer meio e cenário. A gente sempre acaba ficando presos a ideia de que tem que ter um trabalho que envolva algo artístico ou só criadores de conteúdo podem ser criativos.
mas pelo que li até agora, não é apenas usar a criatividade para gerar lucro ou audiência.
a criatividade é para melhorar seu dia.
não importa quem você seja ou o que faça, tenho certeza que gostaria de um dia melhor.
antes de acabar quero deixar algo útil
o dólar está: R$4.80.
você não entende muita coisa, mas faz sentido. na sua caixa de e-mail às quintas, o famoso crepúsculo da semana. ideias aleatórias como um vampiro que brilha.
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Seu texto me lembrou de uma conversa que tive uma vez com um rapaz, na época um pouco mais velho do que eu, perguntei como ele se sentia tendo a idade que tinha, ou algo do tipo. Ele respondeu: "com uma vontade cada vez maior de ser cada vez mais eu". Não sei, mas me parece que amadurecer tem a ver com isso, com ser mais quem a gente é. Tem a ver com autenticidade também, buscar sermos quem somos, sem medos. E para isso, algumas ilusões precisam ser deixadas para trás, mesmo que elas estejam vestidas de sonhos bonitos. Desejo que você se encontre logo, aceite o que não cabe mais dentro de você e tenha coragem de deixar ir tudo aquilo que já não parece mais correto ser mantido. E que tenha muita paciência e carinho por você mesmo. E confia, em você! Porque no fim, é só isso que importa. Abraço e feliz 2024!