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Esse texto estou escrevendo antes de ir para São Paulo. Isso, São Paulo, a cidade grande. Onde tudo acontece. O movimento. A cidade. Aquele que não falamos sobre. São Paulo. Cidade da garoa. Cidade cinza. Cidade que “eu não vi um passarinho cantando”. Cidade que fica a uma hora e meia da minha cidade. O coração do Brasil. Nem tão coração assim. Aquela que chamam de “Gosto de me sentir no meio do que está acontecendo”.
Escrevo antes de ir para São Paulo, que, na verdade, acontecerá daqui a pouco. Já, já estarei no ônibus colocando 20 mg de ritalina na língua e deixando o amargor tomar conta da minha boca. Chegarei na cidade da promessa com as mãos suadas.
Se bater um coração acelerado, 40 mg de Propranolol segurarão a vontade de descer do ônibus e correr para o sítio onde moro e cuidar das minhas vaquinhas. Mimosa e Gertrudes.
São Paulo me pega demais. Talvez as notícias que vi quando criança criaram essa cena da grande cidade engolidora de gente. Não consigo nem deixar a culpa toda nas notícias.
Sempre que estou conversando com alguém, o primeiro aviso é sobre assaltos. No Uber que peguei semana passada, o motorista me contou que a esposa dele, quando moravam em São Paulo, andava com um celular velhinho e o de uso ela deixava escondido. Caso rolasse um assalto, ela entregaria aquele velhinho.
O meu celular velhinho e o de uso são os mesmos. Se os assaltantes estiverem por dentro dessa técnica, eles vão me bater achando que estou escondendo meu celular de uso. Ou terão pena de mim quando eu estender meu celular que nem atualiza mais, faz dois anos.
Quando a ritalina bater, eu focarei. Farei de tudo para focar nas coisas boas. Esfregarei a palma da minha mão na coxa para secar o suor no short ou na calça. Ainda não decidi como irei. Está quente, e provavelmente vou de bermuda. Uma camiseta, e ainda não sei se vou de mochila.
Sei que como moro pertinho, eu deveria tentar ir toda semana para perder esse meu medo de São Paulo, mas perder um celular toda semana seria complicado demais - risadas.
As coisas acontecem normalmente em São Paulo, e eu sei disso. As pessoas vivem a vida normal. Você pode ver alguém famoso pela rua. “Aquele não é o rapaz que assaltou uma velhinha de moto e apareceu no Datena?”.
Cresci quase em São Paulo. Nasci em Santo André, que é quase São Paulo. Passei boa parte da minha infância na Heliópolis, onde minhas tias moravam. Virei um adulto com medo de São Paulo. Agora, culpo a internet.
Pode ser, só estou jogando uma ideia, pode ser que o tempo sentado em frente a uma tela, além de tirar meus dotes comunicativos e sociais, pode ter me causado — pode ter, não é uma certeza — uma trava em viver experiências pelo mundo. Sair por aí conhecendo novos lugares, vivendo novos momentos.
Você está concordando comigo, não está?
Sei que preciso melhorar isso. Preciso muito me libertar das amarras da cadeira de rodinhas. Soltar o mouse. Olhar pela janela. Colocar uma mochila nas costas e ir explorar o mundo.
Na real, não sei bem qual o motivo principal do meu medo. Dessa ansiedade em pensar na grande cidade. Quando penso nisso, não consigo entrar numa ideia concreta dos motivos de estar sempre fugindo.
Só sei que tenho esse medo, um certo pavor de que algo possa acontecer, e a culpa são das pessoas que não sabem vender a cidade. Cada coisa boa que dizem é finalizada com algo ruim.
E isso estou falando de São Paulo. Imagina quando eu for visitar o Rio.
você sempre deveria ler o
Relendo um pouco do querido
um dos meus criadores favoritos é atualmente o
antes de acabar quero deixar algo útil
o dólar está: R$4.90
você não entende muita coisa, mas faz sentido. na sua caixa de e-mail às quintas, o famoso crepúsculo da semana. ideias aleatórias como um vampiro que brilha.
(…) E como esse não é o tipo de cansaço que se tira com uma boa noite de sono, eu me apego aos pensamentos que vão me gerar bons sentimentos. Procuro estimular minha criatividade de um jeito que me coloque lá naquele futuro que eu almejo.
— Walter Filho
Opa, Moura!
Sou nascido em São Paulo capital, mas fui viver no interior ainda bebê.
Costumo dizer que sou um caipira da cidade grande.
Não é para te colocar medo, mas certa vez fui com minha esposa em uma agência meio que no centro de SP e na hora que chegamos no lugar um morador de rua gringo veio trocar ideias com a gente.
Ele mostrou um cartão e disse que estava em um hotel, mas havia perdido o dinheiro e precisava de uma grana para chegar até lá...
Negativo.
Se minha esposa tivesse sozinha ele teria levado o celular dela.
Na hora que estávamos indo para o metrô um cara de bike roubou a bolsa de uma moça.
Ele era muito rápido.
Não tinha como fazer nada para ajudar.
Agora, pega essa de caipira da cidade grande.
Certa vez fui pegar o metrô e estava parado na estação.
Na hora de entrar no vagão é matar o morrer.
Havia uma tiazinha na minha frente com uma sacola com rodinhas.
Pensei:
Vou deixar ela entrar depois eu vou.
Ela entrou, minha esposa foi e eu fiquei. 😂
Tive que pegar o próximo.
Até hoje dou muita risada quando lembro desse episódio.
O fato é que SP tem seus perigos, mas também tem muita coisa legal.
Sempre que posso vou dar um rolê por lá.
Espero que tenha boas experiências na cidade grande.
Que doideira, hein? Acho, inclusive, que sou o único carioca que fala bem de São Paulo :)